eu sei
mas através dos dedos
percorro um lugar
incorpóreo
sinto cada a curva
em que meu corpo bate
e a cada vidro
que nos aproxima
me perco no azul
dos dois sinais
e da memória
dos olhos cor de marte
em dia de tormenta
nublado
que me fazem gostar até mesmo
daquilo que não gosto
silêncio
não devo continuar
a intensidade do toque
a língua que tu fala
quando comigo
quando aqui
quando por meio dos reflexos
pelos dos dedos
como nós nos escrevemos
digitais
sonoros
pelo olhar
por dentro
silêncio
não se deve dizer
mas eu estou aqui
tua

Um fim de tarde qualquer de quinta-feira. Dia limpo, vento e um impulso. Era preciso fazer algo. Agiu. Mais um convite, mais um encontro, mais uma caminhada ao anoitecer. O cotidiano, e aquela presença, invadiu todas as suas células e ganhou velocidade no peito. Uma marca foi deixada.
Sábado, sol, uma manhã embebida de ansiedade e alegria. Um percurso já conhecido e agora inundado de emoções. Domingo. Sentia uma borboleta batendo as asas em sua garganta enquanto os dedos das mãos adormeciam. Segunda-feira. Nos sorrisos tímidos foram escritas frases de sentidos confusos. Não sabia o que sentia.
Era quarta-feira. Noite quente de céu limpo. O lar ia sendo construído e ficava nítida a vontade de viver ali. De verdade. Andava rápido demais, talvez, e continuava acelerando. Acertou em cheio o coração e descobriu que já morava nele. Fagulhas e outras poesias ganharam força e o vento soprou em todas as cores.
[...continua]